Abalou para Lisboa a cavalo num burro e chegou a Lisboa, coitado, prendeu o burro lá àquela casa amarela que é o eléctrico, prendeu o burro lá à casa amarela, O carro depois teve que andar e foi-se embora, mas o velhinho foi lá pedir a um hotel se havia lá quartel para ele dormir. Chegou lá, disseram-lhe:
— Olhe, senhor, só cá há uma cama. Correram tudo! Só cá há um quarto.
Mas o velhinho pensou que, dormindo debaixo da cama, pagava menos. Deitou-se debaixo da cama. Depois, vieram uns noivos para passar a lua-de-mel, chegaram lá, pediram cama. Diz ele assim:
— Ó senhor, só há ali um quarto, já não temos mais nada.
Bem, os noivinhos lá foram para a cama; chegou lá a certa hora da noite, diz ela assim:
— Ai filho, está-me a saber tão bem que até vejo Lisboa toda. Vai assim o velho, debaixo da cama:
— Ai, menina, veja se vê o meu burro, que prendi-o a uma casinha amarela e nunca mais o cheguei a ver.