Um homem alto, loiro, olhos azuis, entra na esquadra

Um homem alto, loiro, olhos azuis, entra na esquadra e dirige-se ao policia em serviço (esquadra da Damaia): Vim-me entregar Sr. Guarda, cometi um crime e desde então não consigo mais viver em paz! E que crime cometeu? – Diz o policia, enquanto tira as algemas do cinto e dirige-se prontamente para o homem, já a pensar na promoção de prender mais um vigarista. Atropelei um preto numa estrada na Cova da Moura… Ora meu amigo, como o Sr. pode se culpar se estes pretos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento? – Mas ele estava no passeio. – Se estava no passeio é porque queria atravessar, se não fosse o Sr. seria outro qualquer. São azares da vida ou mesmo o destino. Já agora, como está o carro? – O carro está bem, mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, eu sou um assassino!!! – Meu amigo, se o Sr. tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente! Sinceramente acho o Sr. um pacifista. – Mas eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada… – Que grande humanista! Enterrar um preto é de benfeitor, outro qualquer abandonava-o ali mesmo, para ser comido pelos bichos!!! – Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava: – Estou vivo, estou vivo!!! – Mentira, mentira! Esses pretos mentem muito…