Dois amigos encontram-se.
— Foi bom encontrar-te. Como foram as duas semanas de férias? Correu tudo bem na minha casa de campo? Valeu a pena eu ter-te emprestado as chaves?
— Ali, foi tudo óptimo! Só ouve um probleminha: o teu papagaio morreu.
— Como? O meu papagaio que veio da Amazónia! Que me cuslou uma fortuna! Como foi?
— Olha, morreu porque comeu carne de cavalo estragada.
— Que carne de cavalo estragada?
— Dos teus cavalos. Morreram de cansaço ao puxarem uma carroça com bidões de água para a casa.
— Os meus cavalos de raça! Os meus cavalos premiados! Porque é que eles estavam a puxar uma carroça?
— Para apagar o fogo.
— Que fogo, meu Deus?
— Da tua casa. Ardeu.
— A minha casa de campo? A casa que eu levei anos para construir! Como é que se incendiou?
— Bom, uma vela caiu na cortina; e, da cortina para casa, foi um instante.
— Mas para que era a vela, se a casa tem electricidade?
— Tens convir que um velório fica muito mais bonito com velas.
— Que velório?
— Ah, esqueci-me de te dizer. O velório era da tua mulher. Ela chegou lá de madrugada sem avisar, eu achei que era um ladrão e disparei um tiro nela.
— Ah, meu Deus…
O homem não aguentou mais. Completamente desesperado, caiu morto no chão.
— Bolas! Este tipo era louco pelo papagaio…